A Bomba Demográfica
Geografia

A Bomba Demográfica

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Hoje, a população mundial vai aumentar em 210.000 pessoas, como acontece todos os dias, ou a cada hora, 8.700 pessoas se juntam a nós no já super populado planeta Terra. Se considerarmos que cada terráqueo produz diariamente 500 g de lixo, consome 100 litros de água e precisa ingerir um mínimo de 2000 calorias em forma de alimentos para se manter vivo, a notícia traz certa dose de preocupação.

Desde sua origem como espécie, há uns 200.000 anos atrás, só em 1800 atingimos 1 bilhão de habitantes na Terra. Em 1930, 130 anos depois, chegamos ao segundo bilhão, e trinta anos depois, em 1960 já éramos três bilhões. Em 1975, 15 anos depois, estávamos já com 4 bilhões, 5 bilhões em 1987, e assim seguimos numa marcha insana, adicionando 1 bilhão de pessoas no planeta a cada 12 anos, chegando aos 7.000.000.000 em 2012.

As projeções apontam para 9,2 bilhões em 2050, e o pior, 75% destes novos terráqueos nascerão em países do terceiro mundo, como China, Índia, e países já miseráveis da África, como a Nigéria, Angola, Serra Leoa que, por suas enormes taxas de crescimento populacional, TCP, cerca de 3% aa, não conseguem escapar do subdesenvolvimento. Na Nigéria, cuja população cresce 2.53% aa, apenas 58 % da população tem acesso à água tratada, e 31% a coleta de esgoto, em Angola estes índices são respectivamente de 2.70, 51% e 58%.

O colossal crescimento populacional africano em geral leva anualmente milhares de imigrantes sem esperança e sem futuro a procurar vida melhor na Europa, e grande parte perde a vida tentando atravessar o Mediterrâneo em barcos primitivos que acabam afundando no percurso. Só este ano, 40.000 já foram recebidos na Itália.   

A armadilha geográfica no continente africano

É no continente africano que se concentram os povos mais pobres do planeta, que ficaram para trás no desenvolvimento das suas potencialidades por conta da atroz armadilha geográfica de que foram vítimas. Enquanto na Eurásia, a cerca de 10.000 anos atrás, a civilização começava com a descoberta da agricultura e a domesticação de plantas como o trigo e a cevada, e a criação de animais como o boi, a ovelha e os caprinos, na África nenhum animal se mostrou passível de adestramento.

Como apascentar rinocerontes ou hipopótamos? Plantas locais também se mostraram inúteis para manter os habitantes em plantio planejado. E para piorar ainda mais, enquanto na Eurásia, de clima temperado e invernos rigorosos, as doenças transmissíveis eram raras, os africanos tiveram perdas enormes de vidas com a dengue, febre amarela, malária, doença do sono, etc. Em condições totalmente adversas, aqueles povos perderam o bonde da História, apesar de ter sido o continente onde o homem surgiu e se desenvolveu como a espécie que viria a dominar o mundo.  

Em geral, países com altas TCP têm péssimos índices de desenvolvimento social, como expectativa de vida baixa, alto analfabetismo, saúde precária, desemprego alto, salário mínimo baixo, pouco acesso à água tratada, etc.

No outro extremo, países com populações pequenas e baixa TCP mostram os maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. Em primeiro lugar vem a Noruega, com 5 milhões de habitantes, crescimento populacional de 0,69 aa, densidade demográfica de 15 pessoas por km², e com 100% da população com pleno acesso a água potável e esgoto sanitário. A renda anual per capita da Noruega é de US$ 100.000, e a da Nigéria é de US$ 1.600. Em segundo vem a Austrália, com renda de US$ 67.000, e densidade de 3 habitantes por km².

A educação reduz o crescimento populacional

A História indica que, à medida que o povo é educado, as taxas de crescimento populacional caem, pois as mulheres, sempre tratadas como cidadãs de segunda classe por todas as religiões institucionalizadas, e pela maioria dos governos pelo mundo afora, se sentem cada vez menos inclinadas a aceitar o papel de pilotas de fogão e pajens de crianças pela vida afora e começam a tomar o seu justo lugar nas constelações econômicas, sociais e políticas do mundo.

Este movimento começou no início do século XX com o aparecimento de ativistas femininas como Margaret Sanger nos EE UU e Edith How-Martyn na Inglaterra. A primeira criou em Nova Yorque, em 1916 a primeira clínica de planejamento familiar do mundo, e apesar de presa várias vezes, conseguiu financiamento para que o médico Gregory Pincus criasse a pílula anticoncepcional, licenciada em 1960 pelo FDA, a ANVISA americana. Seu lema era “a ignorância gera a pobreza, a pobreza gera a ignorância”.

No Brasil, a bomba demográfica parece ter sido desativada com a crescente educação da população e a disponibilidade de meios anticoncepcionais em toda a rede pública de saúde. Na década de 60 esteve no Brasil o futurólogo americano Herman Khan, que previu uma população de 500 milhões de habitantes no Brasil em 2000, mantida a TCP vigente na época, cerca de 3% aa. A taxa caiu desde então, e hoje é de cerca de 1,4% aa, e pode-se prever um ápice de 230 milhões de habitantes em 2030, ano a partir do qual a população começaria a cair. Excelente notícia para os jovens, que certamente não gostariam de viver em um país com a densidade demográfica de Copacabana, de 12 pessoas/m². Se todos os habitantes daquele bairro descerem dos prédios ao mesmo tempo, o lugar explode.

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