A castanheira do Pará e sua saúde
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A castanheira do Pará e sua saúde

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A castanheira do Pará (Bertholletia excelsa), conhecida pelos nativos como tocari, ocorre em toda a Amazônia brasileira, boliviana e peruana. É uma árvore imensa, chegando a 50 m de altura e vive por mais de 1000 anos. Seus frutos, conhecidos como castanhas-do-pará, Brazil nuts em inglês, sustentam diversas espécies de araras, e são comercializados em todo o mundo, mas apesar do nome, o maior exportador mundial é a Bolívia.

Em 2.020, foram produzidas 37.000 t de castanha no Brasil, sendo o Amazonas o maior produtor com 11.707 t e o Pará o segundo, com 8.643. Deste total, 65% é exportada. Em 1970 o Brasil chegou a produzir 104.000 t, e o declínio deve-se ao infame desmatamento da região. A madeira da castanheira é de excelente qualidade, e seu corte é proibido por lei no Brasil, Bolívia e Peru. A União Internacional para a Conservação da Natureza e Recursos Naturais Renováveis já coloca a espécie como vulnerável, devido ao desmatamento da Amazônia, e a caça à cutia, o seu dispersor natural, que enterra as castanhas que não consegue comer.

Avidamente consumidas no mundo todo, a castanha-do-pará tem 18% de proteínas, 13% de carboidratos e 69% de gorduras. Destas, 25% são gorduras saturadas, 42% monoinsaturadas e 34% poli-insaturadas. Como se sabe, as gorduras saturadas devem ser evitadas, e as insaturadas são as gorduras ômega, que fazem bem ao organismo, diminuindo o colesterol ruim, LDL, e aumentando o bom, HDL. O óleo da castanha é usado para vários fins na cosmética, e é considerado o melhor recuperador de cabelos. O conteúdo da castanha mais nobre e raro, no entanto, é o selênio, símbolo Se, metal sólido, de número atômico 34, muito usado em células fotoelétricas, pois produz energia elétrica ao ser exposto à luz. No corpo humano, seu uso é muito mais nobre; o selênio é integrante da enzima glutationa peroxidase, fundamental ao bom funcionamento do sistema imunológico.

Estudos indicam que dietas com a presença de Selênio ajudam no combate ao câncer

Na China, constatou-se que jovens com altas taxas de doenças do coração tinham menos da metade da concentração de Se no sangue do que a normal em outras regiões do país. Uma suplementação do metal corrigiu e extinguiu a cardiopatia no grupo estudado. Uma ampla pesquisa médica feita em 1977 mostrou que em 27 países a presença do metal na dieta era inversamente proporcional à incidência de câncer. O autor Joe Schwarcz cita outra pesquisa em que, depois de alguns anos de doses diárias de 200 microgramas de selênio no grupo de estudo, houve uma redução de 63% nos casos de câncer de próstata, 58% a menos de câncer retal e 45% a menos de câncer de pulmão. O estudo, que deveria levar 7 anos, acabou com 4 e meio, pois os responsáveis consideraram injusto esconder dos que tomavam placebo os bons resultados constatados. Outro dado interessante associa os estados americanos de Dakota do Norte e Wyoming, que têm baixas taxas de câncer na população e solos ricos em selênio.

No Brasil, a nutricionista Bárbara Cardoso, da USP, recomenda o uso da castanha para evitar o mal de Alzheimer. Especialistas recomendam um suplemento de 70 microgramas por dia de selênio, o equivalente a uma castanha de 5 gramas, que tem o mesmo conteúdo de 3 filés de frango, ou 16 pães franceses, ou 100 copos de leite. Como qualquer remédio, doses exageradas podem causar sérios danos, e a ingestão acima de 800 microgramas por dia pode causar o envenenamento pelo metal, com queda dos cabelos e unhas.

Um episódio do seriado “House” aborda a questão, e o suposto envenenamento de um agente da CIA por radioatividade era, na verdade, causado pela ingestão anormal de castanhas-do-pará, com o acúmulo de selênio no organismo da vítima.

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