
Evolução e Genética
O desenvolvimento da vida desde seus primórdios há 3,6 bilhões de anos até o presente é um processo tão empolgante quanto surpreendente. Alguns organismos monocelulares iniciais foram dando lugar a seres cada vez maiores e mais complexos, até o exuberante número de 30 milhões de espécies que os biólogos dizem existir na face da Terra nos dias atuais. Entre elas, o apogeu do processo, os seres humanos que, com suas 100 trilhões de células atuando coordenadamente, mostram que a colaboração e a comunhão de interesses é fundamental no processo. Mais ainda do que isto, com seus 100 bilhões de neurônios, as células cerebrais, o homem chegou à autoconsciência, saber que se é e quem se é, e com ela a memória poderosa, a capacidade de planejar, de prever o futuro baseado na experiência passada, de sentir emoções como a saudade, a ternura, o entusiasmo, a piedade, enfim, criar arte.
A estreita comunhão entre o ser e o pensar, a autoconsciência, foi bem explicada por René Descartes, filósofo francês, em seu livro “O discurso do método”, de 1637. Confuso por ver teorias científicas perderem rapidamente suas validades, pondo em cheque sua capacidade de encontrar a verdade, ele passou a duvidar de tudo. E duvidar, para ele, era pensar, se afirmar como pessoa, era existir, era ser! Ele resume sua descoberta com a frase “cogito, ergo sum” que na tradução mais literal seria “penso, logo sou”.

Todos os animais vivem na realidade, só nós homens temos o dom da ficção e criar outras e várias realidades, algumas tenebrosas, outras maravilhosas. Shakespeare criou várias, e a mistura de realidade do sertão mineiro dos chapadões, jagunços e buritis com a ficção de Riobaldo e Diadorim, feita por João Guimarães Rosa, criou “Grande Sertão; veredas”, um dos maiores romances já escritos. O pintor Van Gogh, em seu quadro “A Noite Estrelada”, de 1889, criou um frenesi pictórico em que os astros se movem e formam no céu um exuberante carnaval de pontos luminosos imitando milhões de vagalumes em voo, muito mais bonito do que a noite retratada.
Qual o caminho percorrido de micróbios a homens?
Hoje os cientistas citam a evolução como uma das condições essenciais de qualquer organismo vivo. O que não tem vida a adquire com a capacidade de evoluir, conforme se conclui de estudos conjuntos entre a evolução e a genética, no início do século XX. A genética como ciência começou com os experimentos do monge Gregor Mendel, que estudava a hereditariedade cruzando ervilhas com características diferentes, e tentando antever os resultados dos cruzamentos. Embora tenha publicado seus resultados em 1865, seis anos antes da publicação de “A Origem das Espécies“, de Charles Darwin, este último nunca conheceu a obra de Mendel, que certamente ajudaria a confirmar várias teorias do famoso livro.



Na década de 1860, descobriu-se que a hereditariedade humana é transmitida de pais e mães a filhos através do óvulo e dos espermatozoides, o que foi confirmado com a descoberta da relação entre genes e cromossomos, em 1902. Estudos feitos na Suíça, em 1953, visando identificar a composição dos núcleos das células, descobriu o DNA, mais tarde apontado como o portador da informação genética de um ser vivo a seu descendente. No ano seguinte, o inglês Francis Crick e o americano James Watson descobriram a estrutura em dupla hélice do DNA. Cada ser humano tem em suas células 100.000 genes em duas cópias dispostas em 23 pares de cromossomos, sendo que o total de informação genética armazenada nestes genes é chamado de genoma humano.
O crescente desenvolvimento da ciência médica na área da genética propiciou o aparecimento da engenharia genética, que já atua com o processo de seleção de embriões com o alvo de evitar o desenvolvimento de doenças de cunho genético, como a fibrose cística, mal de Huntington, anemia de células falciformes, mal de Tay-Sachs, etc. Outras possibilidades de trato genético vão surgir em breve, revoltantes para alguns, milagrosas para outros.
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