O Coqueiro e Você
Meio Ambiente

O Coqueiro e Você

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O coqueiro é a palmeira de maior importância em todo o mundo, pois dela tudo se transforma em produtos vendáveis, como o fruto, a água que ocorre dentro dele, as fibras, as folhas, os tocos e as árvores em si, amplamente usadas em paisagismo e em plantações com objetivos econômicos. Conta a história que o nome coco era o bicho-papão na antiga cultura portuguesa, e que Vasco da Gama usou-o para designar este fruto por conta da semelhança entre o rosto do monstro e a fruta seca com seus três furos característicos.

A planta pertence à tribo Cocoseae, cuja marca principal são os três furos no endocarpo, e sua origem é controversa até hoje. Alguns botânicos consideram a Polinésia como seu centro de dispersão, e outros as Américas, de onde, por transporte marítimo e fácil brotação, seus frutos teriam se espalhado pelo mundo. O botânico Harri Lorenzi, emérito autor de livros sobre as frutas, palmeiras e árvores brasileiras, no entanto, alegando estudos genéticos que estabelecem a descendência do coco do gênero brasileiro Syagrus (gerivá, licuri, pati), afirma que pelo menos os progenitores do coco são provenientes da América do Sul. 

Do coqueiro nada se perde, tudo se transforma e é utilizável

Usado por diversas civilizações ao longo da história, os polinésios faziam cordas a partir de suas fibras secas, telhados de casas com suas folhas, os troncos para suas estruturas, esteiras com suas folhas trançadas, alimento para porcos e galinhas, e na culinária o coco se revelava insubstituível, tornando-se a base de vários pratos com peixes, crustáceos, arroz e bananas.

Hoje, a água de coco em si virou um negócio multimilionário, sendo a bebida favorita de atletas, banhistas, corredores e pessoas em geral que zelam por sua saúde e têm horror a bebidas industrializadas. A fama de isotônico vem da Segunda Guerra Mundial, pois por ser naturalmente esterilizada, e ter composição comparável ao plasma humano, com teores altos de potássio, sódio e cálcio, foi usada como soro intravenoso em soldados feridos. Um copo de 20 ml de água de coco tem 10 mg de carboidratos, 320 de potássio, 40 de sódio, 40 de cálcio, 10 de magnésio e 10 de fósforo.

Apesar do clima e território propícios, o Brasil desaponta em sua produção mundial de coco

O maior produtor de cocos do mundo é a Indonésia, um país formado por milhares de ilhas na área tropical do Oceano Pacífico, com 19 milhões de toneladas, seguida das Filipinas, na mesma região, com 15 milhões, a seguir vem a Ìndia, com 10, e o Brasil aparece com a modesta produção de 2,8 apenas. Mais uma vez o país, apesar do clima propício, do amplo território, e de deter tecnologia agrícola das mais avançadas do mundo, desaponta as expectativas e produz tanto quanto o Sri Lanka, antigo Ceilão, um país muito menor e sem grande mérito como produtor rural.

Algumas boas notícias, no entanto, podem mudar este quadro no futuro próximo. O grupo Sococo, de Alagoas, após amplas pesquisas sobre o melhor lugar para o plantio desta palmeira no Brasil, e cansada de plantações artesanais naquele estado, comprou uma área de 20.000 hectares no Pará, em Moju, a 110 km de Belém e ali estabeleceu a primeira grande plantação industrial do coco, com aproximadamente 800 mil coqueiros.

Dali saem diariamente milhares de cocos para Belém, onde uma grande usina de beneficiamento produz água de coco, fibra, coco seco e óleo da fruta. Os planos envolvem ainda duas fábricas para a produção de água, cujo consumo cresce muito no Brasil com a média de 0,32 litros por habitante por ano, muito pequeno se comparado ao consumo de refrigerantes, 2,79 L /hab/ano. O maior mercado importador é o americano, com 50 milhões de litros/ano. 

Plantar um coqueiro em casa, no entanto, pode ser uma péssima ideia; as estatísticas informam que todos os anos nos Estados Unidos 50 pessoas morrem eletrocutadas por raios, 54 morrem por ataques de abelhas, 10 por ataque de tubarões, e 150 morrem por conta de cocos que caem sobre a cabeça das vítimas a 80 km/hora.

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