
Seicheles, exemplo para o Brasil
Seicheles é um país formado por mais de 115 ilhas com área total de 455 km2 de área e 89.000 habitantes, localizado a nordeste de Madagascar, no Oceano Índico. Avistadas pela primeira vez por Vasco da Gama em 1502, as ilhas são povoadas por uma fauna única, e suas praias espetaculares atraem visitantes do mundo inteiro, fazendo com que o turismo gere cerca de 70 % da renda nacional, de US$ 25.000 per capita.
Por ser um sistema biológico fechado, quase sem a influência de espécies invasoras, e isolado do resto do mundo por quilômetros de água, ali se desenvolveram espécies únicas endêmicas às ilhas, e muito curiosas, como rãs menores do que uma unha, tartarugas terrestres gigantescas que podem pesar até 300 kg, caranguejos maiores do que um gato, e uma série aves e plantas curiosas e extraordinárias. Cientes destas maravilhas biológicas, os habitantes do país têm extremo cuidado com o ambiente e protegem com vigor seu tremendo tesouro ecológico.
A própria constituição daquele país reza, em seu início; “Nós, o povo de Seicheles, agradecidos a Deus por habitar um dos países mais bonitos do planeta, e tendo em mente a exclusividade e fragilidade de nosso país, declaramos nosso interesse imutável de preservar um ambiente seguro, salutar e funcional para nós e nossos descendentes”. E com este ideal em mente, os cidadãos do país levam a preservação de suas espécies raras, algumas em extinção, às últimas consequências. Turmas de guardas de parques cortam, derrubam e queimam plantas invasoras que põem em risco uma planta exclusiva das ilhas, uma rara planta carnívora (Nepenthes pervillei) que sobrevive em apenas duas ilhas das mais de cem que compõem o país.

Para preservar o papagaio preto, endêmico àquele país, caçadores foram contratados para matar os periquitos de pescoço anelado, invasor exótico inicialmente trazido ao país como ave de estimação. Para preservar o bulbul, pássaro local já em situação de risco, desde 2013 um time de caçadores já matou mais de 5000 aves do exótico invasor bulbul vermelho. Um outro pássaro típico do país, o magpie robin, também sob risco de extinção, foi alvo de um amplo programa de salvamento, e de 15 aves em 1960 hoje existem mais de 300. O severo programa passou pela extirpação de todos os gatos da ilha em questão, e com melhora no suprimento de comida e ninhos artificiais aos sobreviventes. Alguns insetos gigantes também foram salvos da extinção por programas de desratização radicais, pois os ratos trazidos por navios proliferaram além da medida. A população do país colaborou assiduamente em todos as ações descritas acima.



Em outros países, como os Estados Unidos, o mesmo esforço em prol da fauna e da flora se faz notar, e nos parques nacionais e áreas de preservação, cerimônias que têm o total apoio e participação da população tentam extirpar plantas e animais invasores. O custo de tais operações é de mais de 1 bilhão de dólares por ano, e contam com o apoio de autoridades ambientais, estudantes, professores e voluntários.
O Brasil como sempre está atrasado e na contramão da preservação de suas espécies nativas
Na total contramão destes movimentos, o conceito de planta ou animal invasor ainda não foi estabelecido pelas autoridades brasileiras, e os exemplos desta omissão se fazem sentir por todo o país. Nas praças de quase todas as cidades brasileiras, as palmeiras-imperiais caribenhas tomam o lugar de nossas árvores, e até em centros de estudos e universidades a riquíssima flora brasileira é criminosamente omitida por paisagistas que, como dizia Nelson Rodrigues, sempre acham a grama do vizinho melhor do que a nossa. Absurdos inaceitáveis são visíveis em todo o estado de Minas Gerais, e até na Universidade Federal de Diamantina, a uma altitude de 800m acima do nível do mar, e cercada por uma flora deslumbrante e única, preferiu plantar palmeiras-imperiais do Caribe em seu campus.
Em Governador Valadares, a situação é revoltante, e as chatíssimas palmeiras-imperiais estão em todos os lugares, junto com plantas mexicanas, africanas, e europeias. Por toda a cidade, cresce assustadoramente a população de pombos domésticos, que transmitem 16 tipos diferentes de doenças. Elas fazem companhia aos pardais, praga europeia que em quase todas as cidades brasileiras toma o lugar dos pássaros nacionais, como os tico-ticos, que não são mais vistos.


Ao contrário de outros países do mundo, onde se recomenda a eliminação de membros de uma espécie para o salvação de outra em vias de extinção, no Brasil, a lei caolha e impatriótica protege tanto o pardal quanto a harpia, a belíssima e poderosa águia nacional, que poucos brasileiros conhecem. Na Ilha dos Araújos, uma praga chamada Leucena, importada do México, toma conta de toda a orla do Rio Doce no bairro, e se você, cidadão valadarense, for arrancar uma e queimar as suas sementes, o que seria aplaudido em países que levam o amor ao seu país a sério, aqui você será multado e levado à delegacia mais próxima por crime ambiental.
É este tipo piegas de lei terceiro-mundista, associado à omissão da população em geral, que propiciou a devastação da Mata Atlântica, da qual só restam 7 %. Vamos salvar as espécies dela, como os jequitibás, as braúnas, as figueiras em nossas praças e jardins? Não é possível fazer isto, o espaço já está tomado pelas plantas exóticas que os brasileiros ingratos lá colocaram. E você, contribuinte trouxa, está pagando impostos que serão usados para promover plantas de outros países… Dane-se o Brasil… Nossos filhos e netos não terão a alegria de conhecer cutias, curiós, tico-ticos, antas, guarás, emas? Azar deles…
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